Enoturismo no Vale do São Francisco ainda é incipiente

Por Heloisa Bezerra, da Ascom/UFPE
O maior atrativo do Vale do São Francisco pernambucano ainda é a agroindústria. Estudos técnico-científicos encontram-se em segundo lugar como principal agente propulsor das viagens a essa região. Já os curiosos e apreciadores de vinho são responsáveis pela terceira maior leva de pessoas ao Vale. Entre outras, essas foram as conclusões a que chegou a mestranda em Geografia da UFPE, Patrícia Galvão, ao mapear qual o tipo de turismo existente no lado pernambucano do Vale do São Francisco e como se dá o deslocamento do turista para lá.
Ao comparar esta região com o Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, tradicional pólo de enoturismo – turismo diretamente relacionado com a produção de vinhos - percebe-se que ainda é incipiente, no Vale do São Francisco, a presença de apreciadores de vinho ou de curiosos em conhecer aspectos relativos a esta bebida. Segundo Patrícia, com a consolidação da região como um pólo vitivinícola, o Governo e os empresários envolvidos no ramo vêm buscando meios de impulsionar e desenvolver o enoturismo. Em 2001, por exemplo, foi estabelecida uma parceria entre o Sebrae e as prefeituras dos municípios de Lagoa Grande, Santa Maria da Boa Vista e Petrolina, criando um Comitê de Turismo. No entanto, por parte do Governo, os projetos existentes na área turística nem sempre são considerados primordiais, pois há outras ações emergenciais a serem feitas.
Um dos maiores entraves para o aumento do fluxo de turistas no Vale do São Francisco é a distância. Petrolina, por exemplo, está localizada a cerca de setecentos quilômetros do Recife. As passagens áreas para aquele destino ainda são caras, e, por via terrestre, não há como garantir a segurança do turista, sobretudo devido ao Polígono da Maconha – área composta pelos municípios nos quais a produção e o tráfico de drogas geram muita violência.
O turismo, ainda assim, vem ocasionando mudanças perceptíveis na dinâmica social das populações do Vale do São Francisco. “Toda a cidade começa a pensar e a querer trabalhar com serviços, fazer cursos de recepção para poder trabalhar na portaria, na recepção ou na loja do varejo das vinícolas”, observa Patrícia. Além disso, a Festa da Uva e do Vinho, em Lagoa Grande, que acontecia de dois em dois anos, já está consolidada no calendário anual do município, ocupando o segundo final de semana de outubro. Uma das vinícolas, inclusive, tem a proposta de construir um hotel dentro de suas instalações, que já conta com uma estrutura de 23 apartamentos. Dessa forma, o turista não precisaria deslocar-se de Petrolina para Lagoa Grande, fato que estimularia a atividade turística nesta localidade.
Patrícia alerta que o turismo, entretanto, não deve ser visto como “a salvação da lavoura”, mas como uma alternativa econômica. O que ocorre em diversas regiões que se tornam pólos turísticos é que muitas pessoas se deslocam de suas atividades tradicionais para trabalhar com o turismo, que é sazonal, ocorrendo, às vezes, a marginalização dessas pessoas em épocas de baixa estação.
PESQUISA - Patrícia estudou a realidade das quatros vinícolas voltadas para a produção de vinho que abrem suas instalações para visitação. São elas: Vinícola Vale do São Francisco, em Santa Maria da Boa Vista; Adega Bianchetti-Tedesco, Vitivinícola Lagoa Grande e Vitivinícola Santa Maria, em Lagoa Grande. Além desses dois municípios, Petrolina também foi inserido no objeto de estudo, pois é a maior cidade, em termos de infra-estrutura turística, da região. O estudo, por ser um dos primeiros a analisar essa região, repercutiu positivamente na Academia e deve ser desdobrado em outras pesquisas mais direcionadas.
Mais informações
Patrícia Galvão
(81) 9106.0880
parroxelas@yahoo.com

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